Ando um bocado ausente aqui do cantinho mas é por uma boa causa, trabalho neste momento não me falta, e nos tempos que correm isso é ótimo. Tenho 21 anos, acabadinha de me licenciar e sou professora. Tive sorte, tenho noção disso, mas também me esforcei muito para que isso acontecesse. E continuo a esforçar, estou a tirar um mestrado a 70km do sítio onde vivo e trabalho o que faz com que o meu tempo seja escasso e no meio disto tudo, como já falei, um namoro à distância.
Aprendi a gostar de ser professora, era coisa que não me fascinava absolutamente nada, mas com tempo, criam-se relações bonitas com os nossos alunos, a quem acabamos por chamar carinhosamente de "nossos meninos". E são mesmo os nossos meninos, todos são especiais cada um à sua maneira, uns inteligentes, bem-comportados, outros nem tanto, mas a conclusão a que chego depois deste pouco tempo é que há tanta criança com falta de atenção dos pais, tanta criança que faz asneira sem sentido nenhum só para se mostrar, só para chamar à atenção. E isso é triste, porque a maioria dos pais já não tem paciência para os próprios filhos, a maioria dos pais não educam nem cuidam, deixam andar simplesmente. Aperceber-me desta realidade foi sem dúvida a parte triste da minha profissão. Mas existem muitas outras e esta semana houve uma situação que me deixou toda contente. Fui ao dentista o que me fez ter que sair mais cedo de uma aula, informei os meus meninos e ao mesmo tempo disse-lhes que estava cheia de medo porque tenho mesmo muito medo de dentistas. Logo depois disto uma menina loirinha de 7 anos com a voz mais fofinha só me diz "não se preocupe professora, vai ver que não doí nada" e no final da aula vieram todos dar-me um beijinho e dizer que ia correr bem. O medo não passou, mas fiquei toda babadíssima :')
É por estas coisas que aprendi a gostar de ser professora, que aprendi a lidar com os mais variados feitios e a aperceber-me que a realidade de hoje já nada tem a ver com a realidade do meu tempo, que não foi assim à tanto tempo.
